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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

♥♥♥♥♥♥ "80 Anos - Uma Vida Bossa Nova" ♥♥♥♥♥♥ ♥♥♥♥♥♥ João Gilberto em Tournée ♥♥♥♥♥♥






"80 Anos - Uma Vida Bossa Nova"  tournée em comemoração aos
80 anos do cantor João Gilberto acontecerá em cinco capitais já confrimadas, começando em Salvador depois São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre.
Dia 5 de novembro, em São Paulo, o Via Funchal recebe a tournée.
Um segundo show na cidade, ainda sem data definida, está sendo negociado, a ideia é que este tenha ingressos mais baratos.
A apresentação contará com um repertório de clássicos imortalizados na voz desse mito da MPB, considerado o criador da Bossa Nova, além de algumas canções inéditas.
João Gilberto, recluso em seu apartamento, no Rio, não é visto pelos fãs desde 2008, quando participou das comemorações dos 50 anos da Bossa Nova.  
A tournée pode contar com convidados internacionais : artistas como Eric Clapton e Jon Hendricks mostraram interesse em participar de alguns shows.
O projeto "80 Anos - Uma Vida Bossa Nova" deve resultar na gravação de dois DVDs, ainda vai depender da aprovação do artista. Seriam seus primeiros registros nesse formato. O primeiro, já acertado, vai registrar os shows em 2011
e o segundo, se houver, trará bastidores, gravações em estúdio e participações especiais.

A volta aos palcos de João Gilberto está confirmada para as seguintes datas :

- 28/10: Salvador, no Teatro Castro Alves;
- 05/11: São Paulo, Via Funchal;
- 15/11: Rio de Janeiro, no Theatro Municipal
- 19/11: Brasília, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães;
- 25/11: Porto Alegre, no Teatro SESI.

Os locais de venda e valores dos ingressos serão divulgados futuramente.

Serviço :

João Gilberto "80 anos - Uma Vida Bossa Nova"
Data: 5 de novembro de 2011
Local: Via Funchal
End.: Rua Funchal, 65 – Vila Olímpia –  São Paulo
Telefone: (11) 3044-2707


Aura de Mito e Mistério

João Gilberto, hoje aos 80 anos, envolto numa aura de mito e mistério que ninguém mais estranha e que, nele, assenta perfeitamente.
Afinal, ela o acompanha desde julho de 1958, quando ele gravou um 78 rpm (disco simples, de cera, com uma faixa de cada lado), contendo, num dos lados, um samba de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, "Chega de Saudade". Sua interpretação à voz e ao violão dividiu a música brasileira em antes e depois e fundou um gênero, a bossa nova.
O disco não atingiu apenas os músicos, mais equipados para entender as diversas revoluções que ele propunha, harmônicas, rítmicas, instrumentais, vocais.
Ao ser tocado no rádio, virou também a cabeça de jovens brasileiros de toda parte, para os quais, se alguém tão "diferente" como João Gilberto existia, eles podiam enfrentar a família e seguir suas vocações, não importava em que área.
Aos 27 anos recém-feitos, João Gilberto era tudo de novo naquele momento.
E nem por isso se tornou o artista mais popular do Brasil.
O público comprou seu disco, mas o cantor não foi para a capa da revista "Radiolândia", para o auditório da Rádio Nacional ou para as chanchadas da Atlântida, que eram então os termômetros da popularidade. Continuou obscuro, escondido num apartamento de Copacabana, depois Ipanema, ignorado até pelos vizinhos. Nem seus melhores amigos podiam se dizer seus íntimos.
Sua voz e seu violão se estabeleceram, geraram outro 78 rpm (este contendo o ainda mais radical "Desafinado", de Jobim e Newton Mendonça) e ampliaram-se num LP, também intitulado "Chega de Saudade", que foi saudado ao sair, em 1959, como os 12 mandamentos da bossa nova. Mas nem a foto do cantor na capa (com o rosto sintomaticamente escondido pelo punho no queixo) o tornou uma figurinha fácil.
O que aconteceu depois, a gravação de novos discos, sua silenciosa partida para os EUA em 1962, a gravação de ainda outros discos e sua volta ao país, mais de 20 anos depois, tão silenciosa quanto a ida, foi apenas consequência.
O que importa é que, desde aquele remoto "Chega de Saudade" em 1958, não deve ter se passado um minuto sem que alguém, primeiro, no Brasil; depois, no mundo, tentasse reproduzir a batida mágica do violão, sintetizada por ele, e pela qual se identificou a bossa nova. E até hoje é assim.
Neste momento, em algum lugar, há alguém de violão em punho, diante de um microfone, beneficiando-se do universo sonoro de João Gilberto, de segunda ou terceira mão, não importa, e talvez sem sequer saber que existe ou existiu um João Gilberto. Se o fato de a criação viver à revelia do criador for uma medida da imortalidade, João Gilberto já é imortal !!!
Nas raras vezes em que se apresenta num palco, ele quer ser incorpóreo.
O terno marrom da Brooks Brothers, a camisa azul-celeste da YSL, a gravata e os sapatos italianos têm a função de torná-lo invisível. Só o violão e a voz devem existir.
Assim como as paredes de seu apartamento no Leblon, do qual quase nunca sai, existem para blindá-lo do mundo.
O mundo não existe. Só existe a música. E mesmo esta é para ser cantada cada vez mais baixinho, num sopro, num sussurro, quase que só em pensamento, única forma, para João Gilberto, de vencer a cacofonia que o mundo insiste em produzir.







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