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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

♥ Transexual estréia peça de GOGOL datada de 1839 ♥



Dando continuidade ao trabalho de pesquisa do encenador paranaense Cesar Almeida, sempre com sua visão extremamente crítica e particular sobre os assuntos abordados em sua obra de pesquisa de linguagem da encenação contemporânea, vem através desse À SAÍDA DO TEATRO DEPOIS DA APRESENTAÇÃO DE UMA NOVA COMÉDIA fazer um retrato do público de teatro dos nossos dias, analisando o comportamento do artista versus espectador em sua eterna batalha de aceitação mútua.

O encenador faz a crítica da crítica atual. Uma severa análise do comportamento daqueles que julgam a arte, o fazer artístico, e seus juízes de moral duvidosa, mostrando ao espectador o lado obscuro que ele nunca vê. Demonstrando o efeito provocado no espectador pela crítica versus seu gosto subjetivo. Analisa os prós e contras de ser um artista contestador ou um mero conformista mostrando diferentes ângulos, pesando os prós e contras dentro de um contexto social onde a autocrítica se torna cada dia mais necessária e cada dia menos utilizada. A transformação do conceito de arte em produto de entretenimento tem afetado a qualidade do cidadão. O autor faz uma análise do modus operandi brasiliensis, ou seja, do jeitinho brasileiro. Dessa forma o que era para ser um jantar da academia do prêmio de plástico pintado de ouro passa a ser um retrato do brasileiro e suas vicissitudes. 

Uma sátira ao comportamento podre que precisa ser repensado pelo cidadão tão exigente do mundo contemporâneo acostumado a julgar absolutamente tudo. Todos somos críticos de plantão e fazedores de regras de nossos pequenos sistemas planetários nos quais nossos umbigos são o centro de tudo onde orbitam os mais estranhos e indesejáveis planetas com suas órbitas completamente irritantes. Assim podemos exercer nossa sede de poder sem tê-lo efetivamente. Nossa inquisição individual.

O espetáculo é uma metacrítica teatral, ou seja, é a crítica da crítica. Aquele momento em que todos são críticos de teatro: na saída do teatro. Quando as opiniões são colhidas em seu frescor provocado pela apresentação de uma peça teatral. Aquele momento em que todos se tornam juízes de uma obra de arte, condenando ou absolvendo o pobre autor, como se fossem os verdadeiros donos da verdade, os guardiões do canone absoluto do fazer teatral. Um momento de pura catarse que não deixa ninguém alheio. Raiva, deslumbramento, amor, ódio, indignação, perplexidade. As mais complexas sensações provocadas por uma apresentação teatral transbordam em nós provocadas pela simples apresentação de uma obra de arte. Que momento mágico! Somos arrancados de nossos problemas cotidianos e transportados a uma realidade proposta pelo autor, através da qual podemos avaliar nossos verdadeiros sentimentos a respeito dos assuntos ali tratados. Não há como ficar imune. Desde o melhor ao pior dos sentimentos, experimentamos tudo naquela sala escura que magicamente nos faz delirar de prazer ou espumar de ódio, dependendo de como essa pequena obra de arte nos toca. Um momento mágico provocado pela arte.

A partir do texto teatral datado de 1839, À SAÍDA DO TEATRO DEPOIS DA APRESENTAÇÃO DE UMA NOVA COMÉDIA de Nicolai Gogól (1809-1852) um dos mais controvertidos autores russos do século XIX e um dos mais importantes e populares de todos os tempos, Cesar Almeida se propõe a recriar seu texto inspirado na brilhante crítica à crítica que recebeu quando do lançamento de seu maior sucesso: "O Inspetor Geral" (1836). É um texto de uma dramaturgia original e contemporânea, onde toda a ação se passa num “jantar da academia do prêmio de plástico pintado de ouro” e onde o autor mescla suas premissas sobre a comédia e o riso construindo a cena em forma de metateatro, agora relido por Cesar Almeida que acrescenta também sua visão a respeito da tênue separação entre comédia e tragédia, entre crítica e autocrítica, política cotidiana das relações, hipocrisia, sede de poder, fama, visibilidade, manipulação, subjetividade, imparcialidade, mediocrização, banalização da ética e todos os descaminhos percorridos pelo homem contemporâneo em sua busca pelo pequeno poder de premiar os que atendem seus interesses e massacrar os que não seguem a lei do politicamente correto. Fazendo assim a comédia cotidiana do homem contemporâneo com suas questões fundamentais a respeito de sua moral contrapondo-se com sua conduta dentro de um universo onde a ética está morta, o bom gosto pouco importa, a qualidade é relativa, a crítica é imparcial, valores não significam mais nada. Uma comédia para o mundo líquido contemporâneo.

O humor é a melhor arma para a crítica e para a reflexão. Para Aristóteles a comédia era um remédio milagroso, ela produziria “a purificação de paixões através da representação do defeito, do vício e da fraqueza”. A força do riso como crítica de costumes, idéias e preconceitos vigentes é como um bom retrato de uma época, onde o espectador certamente se reconhece e aprimora sua visão de mundo. Uma opção para aqueles que não se contentam com o humor barato que só sabe fazer bullying dos desfavorecidos, dos divergentes da normose cotidiana que se instaurou em todos os aspectos de nossas vidas.

Para a atriz transexual Maite Schneider: “É um prazer novamente estar em outra montagem de um dos poucos diretores que dão oportunidade de emprego e sem preconceito algum. Cesar traz para a prática, tudo aquilo que diz e aplica no seu fazer teatral – um mundo sem fronteiras e vislumbrando novos horizontes. Todo mundo acredita que o teatro é um lugar sem preconceitos, mas infelizmente é onde mais encontramos preconceitos das mais diversas formas, inclusive hipócritas e veladas. E falamos muito disto na peça.” – finaliza Maite.

No elenco estão Maite Schneider, Isidoro Diniz, Ludmila Nascarella, Kaley Michelle, Cláudio Fontan, Fernando Cardoso e Cesar Almeida.

O espetáculo tem o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e conta com os seguintes incentivadores: Consórcio Norvalpa e Senind Engenharia.
Serão sorteados 10 livros por apresentação do recém lançado livro do autor: O teatro da Rainha de 2 Cabeças - vol 3- 30 anos.


Serviço:


Teatro Falec. 
(R. Mateus Leme, 990 ao lado do restaurante Calabouço)
Curitiba - Paraná
De 6 a 31 de agosto
quarta a sábado- 20 h
domingo 18h e 20h
Entrada Franca (seu ingresso já foi pago por seus impostos)


Maiores informações com:
Cesar Almeida - (41) 9602-6203

esaralmeidacesar@gmail.com
Maite Schneider - (41) 9824-2424
casadamaite@gmail.com



                                       À NE PAS MANQUER !!!


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