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sexta-feira, 1 de julho de 2016

♥ Sociedade de Pediatria de São Paulo lança campanha contra álcool e drogas na infância e adolescência ♥

Izilda Alves


Jornalista Izilda Alves é a Embaixadora da iniciativa



Em 2 de julho, a partir das 8h30, durante seu tradicional Café da Manhã com o Professor, a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) lança oficialmente uma campanha permanente de prevenção e combate ao álcool e às drogas na infância e adolescência. Batizada de “Julho Branco”, em razão do mês de sua apresentação a jornalistas e comunidade, tem o slogan “Com consciência, Sem drogas”. A jornalista Izilda Alves, que coordena há doze anos a Campanha Jovem Pan Pela Vida, Contra as Drogas, é embaixadora da iniciativa da SPSP.

Segundo Claudio Barsanti, presidente da Sociedade de Pediatria, a campanha apoia-se em dois pilares: a apresentação e a discussão do tema com os diversos segmentos da sociedade, dada a relevância do assunto na atualidade e para as gerações futuras, além da adequada capacitação médica para a capacitação dos médicos na abordagem e na assistência indicadas.

“Quando nos aprofundamos nos números e na alta incidência, percebemos a gravidade do quadro; e como pouco se debate a respeito, o que é preocupante, não temos a proposição de medidas efetivas para o combate deste grande mal. Além disso, se o pediatra, assim como outros profissionais da saúde, estiver bem informado e atento a esta realidade, será possível diagnosticar e adotar condutas dirigidas para solucionar o problema, mais prontamente”.

A SPSP compreende que o combate eficaz ao consumo de drogas (lícitas ou não) passa obrigatoriamente pelos consultórios dos especialistas. Com o preparo adequado do pediatra, será possível instituir o aconselhamento obrigatório – um tempo da consulta voltado à abordagem da questão -, favorecendo a intervenção preventiva e até curativa dos usuários das substâncias.

“Infelizmente há um crescimento exponencial do uso de drogas em idades cada vez mais jovens, e por isso o tópico deve ser abordado. A realidade atual exige que esse tema seja tratado como prioridade, especialmente junto aos pais e adolescentes. Então, o pediatra deve estar pronto, preparado técnica e cientificamente, para como tratar e dar as devidas orientações”, afirma Dr. Claudio.

Para Izilda Alves, que abraçou a campanha da SPSP, o Brasil sofre com a falta de recursos e o descaso do poder público. “Neste cenário, a família é fundamental em transmitir os valores adequados aos filhos, ensiná-los a dizer não com consciência, uma vez que as drogas estão em todos os lugares, até mesmo nas escolas. Julho Branco vai ao encontro desta necessidade, reforçando que a melhor arma é a prevenção. Devido à relação mais estreita entre pais e pediatras, a comunidade médica precisa saber lidar com essa realidade. Sinto-me honrada em fazer parte disto, especialmente por que é a primeira vez que vejo uma entidade de classe envolvida com tamanha abrangência nesta epidemia grave”.

A Dra. Lílian dos Santos Rodrigues Sadeck, 1º vice-presidente da SPSP, fala o quanto a Julho Branco é primordial como ferramenta de combate ao uso de drogas lícitas e ilícitas, focada principalmente em crianças e adolescentes, cujo acesso ocorre cada vez mais cedo.

“É uma luta contínua, que deve ser realizada dia a dia, em todos os ambientes de convívio dos jovens e familiares. Definimos o mês de julho para propagar este conhecimento e, consequentemente, a reflexão”, enfatiza.


Aconselhamento sobre Drogas em Pediatria

João Paulo Lotufo, coordenador do Grupo de Trabalho do Combate ao uso de Drogas por Crianças e Adolescentes da SPSP, reforça a ideia de identificar a existência do problema entre a família, trabalhando com pais e os pequenos pacientes.

Criador do projeto Dr. Bartô, cuja iniciativa busca exatamente a prevenção do uso de drogas lícitas e ilícitas entre jovens e seus familiares, ele já desempenha ação semelhante no Hospital Universitário da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

“O pediatra pode e deve tratar do assunto; ele é o profissional da linha de frente que pode perceber a existência do problema. É fundamental o preparo, um plano de atendimento, uma pesquisa sobre a situação familiar, para então levantar uma discussão saudável e informativa”, ressalta dr. João Paulo.

Claudio Barsanti acrescenta que “se não lidarmos da maneira correta e ideal com o assunto, deixa de ser educação, deixa de ter seu papel como promoção de saúde e bem-estar. Por isso, precisamos divulgar, e essa é nossa responsabilidade enquanto Sociedade de Pediatria”.


Dados alarmantes

Segundo estudo piloto realizado no Hospital Universitário da USP, na capital paulista, entre os pacientes atendidos, o uso do álcool no consumo familiar é bastante elevado (43,5%), seguido pelo tabaco (34,5%), maconha (27,5%) e crack (11,5%). São números que representam famílias de escolas públicas no entorno da USP e sinalizam que a introdução às drogas começa dentro de casa.

Relatou-se, ainda, a presença de problemas respiratórios entre os familiares de 64,1% dos entrevistados, sendo que 44,5% relataram presença de asma, 21,7% bronquite e 2,2% enfisema. “Estes dados reforçam a importância da prevenção do tabagismo ativo e passivo, a fim de evitar exacerbações e piora dos quadros respiratórios. Vale lembrar que a maconha produz os mesmos malefícios do cigarro em nível respiratório, além de ter 55% mais substâncias cancerígenas do que o tabaco”, alerta Dr. Lotufo.

“É bastante elevada a prevalência de álcool e outras drogas entre os estudantes universitários. Reduzir o consumo é imperioso para toda a sociedade. Intervenções de computador e web-based também são promissoras para fornecer informações comportamentais e adequadas. Precisamos inovar até em como fazer o melhor aconselhamento sobre drogas”, comenta.

O tabagismo, o álcool e a maconha são reconhecidos, atualmente, como os principais problemas de saúde em todo o mundo. Além do seu impacto sobre a mortalidade, o consumo interfere no aspecto financeiro da família do usuário e encarece os serviços de saúde. Já são consideradas doenças pediátricas por iniciarem cada vez mais cedo nesta população.


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