Considerada um problema de saúde pública nos últimos 50 anos, a sífilis congênita é o mote central da Campanha Outubro Verde, da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) e Associação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (SOGESP). A iniciativa visa estimular ações de conscientização em prol da eliminação da doença, cuja meta é reduzir sua prevalência a menos de meio caso por mil nascidos vivos.
“Essa Campanha é de grande relevância, uma vez que a sífilis congênita faz parte de uma discussão contínua em nossa sociedade. Ela já deveria ser eliminada devido às condições plenas de diagnóstico e tratamento disponíveis à gestante. Temos um quadro atual muito preocupante, com os casos aumentando a cada ano, e precisamos fazer algo para reverter esta situação. As consequências são muito sérias para o feto, em diversos aspectos, e que podem perdurar por toda sua vida”, alerta dr. Cláudio Barsanti, presidente da SPSP.
A falta de tratamento durante a gestação é o principal fator para sua transmissão ao feto, que se dá por via placentária. Para evitar este quadro, consta no protocolo de atendimento obstétrico o rastreamento através de sorologia na gravidez a fim de identificar a presença da doença na gestante e iniciar a terapêutica o mais breve possível, em caso positivo. A recomendação é uso de penicilina benzatina; a depender do estágio da doença, de 2 a 6 doses.
“Passamos por um problema grave em 2015-2016 com desabastecimento de penicilina cristalina no Brasil, porém, parece que esse problema está em fase de normalização. Sabemos que o desabastecimento causou grande comoção na sociedade, e esta é uma das causas que a Campanha Outubro Verde chamará atenção”, ressalta a dra. Lilian Sadeck, vice-presidente da SPSP.
Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis pode ser transmitida em qualquer momento da gravidez; a probabilidade de contágio varia de acordo com o tempo de exposição ao feto e do estágio clínico da doença materna. Quanto antes confirmar o diagnóstico, melhor o prognóstico e menor o risco para o bebê.
Quando a gestante, com diagnóstico de sífilis, porém não fez o tratamento corretamente durante o pré-natal, o recém-nascido deverá fazer exames de sangue (sorologia (VDRL) e hemograma), coleta de líquor por punção lombar e Raio-x de ossos longos para identificar se houve contaminação. Caso a criança tenha o diagnóstico, ela ficará internada por 10 dias para receber antibiotico corretamente.
“Por isso, unimos esforços à SOGESP para enfatizar que os cuidados devem começar ainda na gestação, com a investigação para a doença na gestante e indicação de tratamento adequado. É a nossa melhor arma para combater a transmissão vertical”, reforça a dra. Lilian.
Entre as graves complicações da sífilis estão aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro, má-formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e óbito neonatal. O bebê pode nascer sem nenhum sinal da doença ou apresentar: baixo peso, rinite com coriza sero-sanguinolenta, prematuridade, osteocondrite, periostite, osteíte, choro ao manuseio e obstrução nasal. Esses achados podem se manifestar no nascimento ou até os dois anos de idade.
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