Espetáculo claustrofóbico acompanha trajetória de três homens colocados em quarentena após contração de vírus que dizimou 33% da população. Preconceito e repressão são temas abordados em “Proibido Amar”
Após um vírus contaminar 33% da população humana, o Estado, que exerce grande poder sobre a sociedade, opta por separar todas as vítimas e pessoas em zona de risco em quarentena. Segundo os organizadores, os segregados passariam por uma bateria de exames para saber se estão ou não aptos para viver em sociedade. Ares, Eros e Apolo, três das vítimas, são retratados no espetáculo Proibido Amar, - sucesso na primeira temporada com indicação a três categorias do Prêmio CCENYM de Teatro Nacional 2016 - com temporada de 7 de outubro até 16 de dezembro às 23h30, no Teatro Augusta. As apresentações acontecerão todas as sextas.
Segundo o diretor Rafael Salmona, o grande desafio da peça, é fazer com que os três personagens que a conduzem e os elementos cênicos construam um ambiente repressor e claustrofóbico. “As cenas são muito viscerais e o público se torna parte deste local”, conta Salmona.
O vírus que se alastra rapidamente pela sociedade, transmitido pelo toque e por relações sexuais, remete ao HIV e as punições e acusações previstas para seus portadores direcionam a temática da peça para a discussão sobre o preconceito e a desinformação. Na montagem três jovens são submetidos a uma quarentena, e se enfrentam numa espécie de jogo sádico onde podem não sair vivos. A peça documenta os dias vividos nessa triagem estreitando as relações entre o público e a ficção.
Ares, Eros e Apolo são colocados em situações de forte estresse e pressão, chegando a um limite onde expõem as fragilidades num ambiente que respirar pode ser motivo para descarte. A tensão vivida no palco reflete na plateia pela falta da noção do tempo. A cronologia é algo que não fica claro no decorrer da peça. Não se sabe quanto tempo se passou e onde os personagens estão presos.
Na atual perspectiva teatral temos diversas possibilidades de colocar em prática a dramaturgia a partir dos contextos políticos, estéticos e sociais que somos submetidos. Criando assim objetos de discussão e análise na criação de uma estrutura dramatúrgica.
A partir dessas possibilidades de criação, "Proibido Amar" visa criar uma perspectiva que fuja de doutrinas, tratando de assuntos como preconceito, repressão, amor, ódio, dilemas familiares e descobertas sexuais. Relacionando temas reais numa metalinguagem onde leva ao espectador a diversas possibilidades de reflexão. Esses temas usados como premissa para o espetáculo foram baseados em acontecimentos reais, incluindo depoimentos de vítimas de doenças virais e de pessoas repreendidas pela orientação sexual. Possibilitando a aproximação desses assuntos do público e fazendo o mesmo um elemento presente no contexto do espetáculo.
Sobre os personagens
Ares – Explosivo e enlouquecido, é aquele que está a todo tempo tentando descobrir os limites das pessoas que estão à sua volta.
Eros – É uma espécie de ovelha negra da família, pois é filho de um dos maiores chefes do Estado. Apaixona-se por Apolo e, apesar da fragilidade, demonstra ser o mais racional dos personagens.
Apolo – Quer mostrar que é forte, mas mostra-se ser uma grande vítima da situação instaurada. Sua história carrega a pena de ter visto seu grande amor ter sido morto pelo Estado.
Sobre os Atores
Paulo Tardivo
Formado pelo INDAC em São Paulo fez sua estreia no teatro em 2014 com a peça “Chá das 5”, com direção de Eduardo Martini e texto de Regianna Antonini. A comédia “Abandonados por Você” foi o segundo trabalho, dirigida por Tiago Pessoa, André Di Paulo e texto de Pablo Diego. No final do ano passado, retornou ao palco com a montagem do texto inédito no Brasil de Mark Harvey Levine, “Roteirizados, Nossa Vida por Escrito”. Atualmente, prepara-se para a montagem do infantil “Aladdin” com estreia agendada para agosto, juntamente com o drama “Proibido Amar”.
Paulo Victor Gandra
Graduado em Artes Cênicas (Bacharelado), pela Universidade de Brasília) é ator, bailarino e performer, além de pesquisador em teatro contemporâneo. Atua profissionalmente na área desde 2010. Integrou o elenco de espetáculos, entre eles “Amassai!” (Cia Contem Glutem- DF), “MObamba” (Cia. Marcia Duarte- DF), “Virilhas” (Alexandre Ribondi-DF), “Clandestino” (espetáculo de Dança contemporânea da Cia. Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira-SP). Em sua trajetória integrou a Universidade Antropófaga (Teatro Oficina- 2015), possui experiência formativa com Ana Kfouri, Maurice Durozier (Theatre du Soleil), Cia Hiato, Augusto Omolú (Odin theatret) Nara Sarake (AP 43).
Ferruccio Cornacchia
Estudante de Artes Cênicas pela Escola Macunaíma desde 2014. Durante o curso participou das montagens “Uma Peça por Outra”, de Jean Tardieu e “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues ambos em 2015. Atualmente está em cartaz com a peça “Pra Inglês Ver”, no Teatro Folha.
Sobre o Diretor
Rafael Salmona
É ator, autor, diretor formado pelo centro de artes dramáticas Nu Espaço (Rio de Janeiro). Com experiência em produção cultural, em Brasília fundou a Cia. de Teatro Dois Tempos, onde permaneceu a frente durante quatro anos e a produtora Desvio Produções Culturais, onde chegou a produzir mais de 15 trabalhos entre elas as montagens nacionais dos espetáculos “Canastrões” com Gracindo Jr., e “Homens, Santos e Desertores”, com Ricardo Blat. No mesmo período dirigiu o espetáculo “Carinho” adaptação da obra do autor catalão Sergi Belbel. Posteriormente, escreveu e dirigiu o espetáculo “Proibido Amar”. Recebeu o convite de dirigir em 2015, na cidade do Rio de Janeiro, o espetáculo “Música para cortar os pulsos”, texto premiado do autor paulista Rafael Gomes. Fez seu retorno aos palcos como ator, neste ano, no espetáculo Janus, direção de José de Campos. Lançou o texto de "Proibido amar" como livro em agosto na cidade de São Paulo.
Ficha Técnica
Texto e direção: Rafael Salmona. Elenco: Ferruccio Cornacchia, Paulo Tardivo e Paulo Victor Gandra. Produção Executiva: Isabel Pessoa. Produção: Paulo Tardivo e Rafael Salmona. Figurino: Raphael Hubner. Iluminação: Douglas Borges e Raquel Correia. Fotografia: Maya Morikawa
Serviço
“Proibido Amar”
Quando: Entre 7 de outubro até 16 de dezembro. Sextas às 23h30.
Local: Teatro Augusta
R. Augusta, 942 – Cerqueira César
Ingressos: R$50 (inteira) e R$25 (meia)
Venda de ingressos on-line http://compreingressos.com/
Duração: 60 minutos.
Censura: 16 anos
À NE PAS MANQUER !!!
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