É devastador constatar que um ser humano pode sentir prazer com o sofrimento do outro, e muitas vezes, consentimos ou não reagimos a essa barbárie. Reagir significa entrar nessa luta para impedir que atos desse tipo não aconteçam mais.
Um estudo que serviu como guia para o filme, realizado pelo Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mostra que transtornos da vida adulta começam na infância em 75% dos casos.
O bullying está entre os motivos, comprometendo a autoestima de crianças e jovens, causando complexos diversos, sendo um gatilho para muitos transtornos como bulimia, anorexia, toc, síndrome do pânico, entre outros.
Além da assustadora estatística, os estudos trazem dados como 80% dos estudantes com algum transtorno mental não recebem tratamento médico nem psicológico no país. O que agrava ainda mais o problema.
Segundo a documentarista Vanessa Rodrigues - idealizadora do projeto, esse é um tema que deve ser discutido dentro de casa. É um assunto que deve estar muito além dos muros da escola. Vanessa sentiu na pele os danos dessa violência com sua filha de 5 anos. A criança foi isolada dentro de uma escola, não tinha amigos, tomava lanche sozinha, não era convidada par as festinhas, e foi cruelmente perseguida e ridicularizada pelo cabelo volumoso até cair em depressão. A menina desenvolveu síndrome do pânico, chorava muito, tomou antidepressivos, passou por médicos psiquiatras e psicólogos e dizia para a mãe que queria morrer. “Foi devastador, houve momentos que achei que não ia conseguiria ajudá-la. Não é possível conviver mais com tanto preconceito, discriminação e intolerância com aquilo que é diferente”.
Os transtornos emocionais não privilegiam raça, idade, sexo ou o tamanho da conta bancária dos pais. Para a produtora Luh Chagas, o tema evoluiu porque estava difícil de explicar o alto número de suicídio entre jovens e toda a violência crescente. “Claro que a quantidade de informações à nossa disposição também contribuiu para o debate”.
A grande maioria dos casos de bullying acontece de forma velada, sem que os adultos percebam, e as vítimas dessas agressões sofrem muitas vezes em silêncio. “Por isso, pais, aproximem-se de seus filhos. Elogiem mais, ressaltem mais o que eles têm de bom, critique menos e ouça mais. Se ele não fala, fique simplesmente ao seu lado. Uma hora ele vai falar. E se falar, por pior que seja, esteja ao seu lado. Aceitação é tudo de que eles precisam”, completa ela.
O documentário traz relatos dramáticos de histórias reais e suas consequências na vida adulta. “Promovemos uma roda de conversa com os depoentes reais, que contou com a participação - como ouvintes, de artistas de áreas distintas, com o propósito de se impregnarem desses depoimentos e produzirem arte. Foi uma dinâmica impactante”, lembra Vanessa.
Os casos são comentados por psicólogos especialistas e grandes pensadores do Brasil, nomes como Rossandro klinjey, Fabricio Carpinejar, Leo Fraimam e Monja Coen, estão no time que ajudam ampliar o pensamento crítico sobre esse drama.
O filme é sem fins lucrativos e será distribuído em plataforma digital gratuitamente para escolas públicas, privadas, ongs, agremiações. O diretor executivo Marcos Linhares prevê lançamento para o primeiro semestre de 2021. A intenção dos produtores é gerar um grande debate em cada premier e fomentar essa discussão por todo país, e criar uma cultura de empatia, que é uma importante arma contra o Bullying.
“A empatia leva as pessoas a ajudarem umas às outras. Ter empatia não significa sentir a dor do outro, mas reconhecê-la pelo olhar daquele que, de fato, a está sentindo. Está ligada à vontade de compreender e conhecer o outro verdadeiramente, sem julgamento, crítica ou preconceito, quanto mais a capacidade empática for desenvolvida, mais chance há de reconhecer atitudes inadequadas que provocam sofrimento alheio e mudar de comportamento. E é por isso que exercitar a empatia deve ser algo feito já nos primeiros anos de vida da criança”, finaliza Vanessa.
Assista nosso vídeo manifesto produzido por ocasião do Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência nas Escolas:
Para mais informações acompanhe os IGs @pertodemaisoficial e @vanrodriguesoficial
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