Exposição "Empreendedorismo social – Identidade e Saber Local" na OMPI
O consulado-geral em Genebra apresentará a mostra de textos, imagens e vídeos Empreendedorismo social – Identidade e Saber Local no hall principal da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI - Chemin des Colombettes 34, 1202 Genève) entre os dias 17 e 21/2/2020.
O objetivo da exposição é divulgar iniciativas criativas brasileiras de apoio ao desenvolvimento de comunidades artesanais autônomas, em especial nas áreas rurais do país. Tais projetos são singulares, pois desenvolvem formas de geração de renda de caráter sustentável que associam o design com a valorização dos conhecimentos tradicionais e a identidade local.
Os projetos retratados destinam-se a comunidades carentes no interior do Brasil e também a indígenas venezuelanas que buscaram refúgio no norte do País e a artesãs em São Tomé e Príncipe. Esses exemplos confirmam a universalidade do tema e o alcance das soluções propostas, muito criativas e com base no uso dos escassos recursos disponíveis.
Sérgio Matos |
Conforme o designer brasileiro Sérgio Matos, “o rumo do design é a identidade. As pessoas estão buscando nos produtos referências que tenham a ver com suas histórias e vivências".
As iniciativas de valorização do artesanato nacional, associando-o à produção de forma sustentável de objetos de design, são, assim, importantes contribuições para melhorar as condições de vida de comunidades carentes e estão em sintonia com o alcance do primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, a erradicação da pobreza.
Ao destacar a criatividade da cultura brasileira associada aos projetos sociais, a mostra Empreendedorismo social – Identidade e Saber Local dá seguimento a mostras anteriores realizadas pelo consulado na OMPI (Brasil Criativo/2017 e A Grande Floresta/2018), a respeito de projetos da sociedade civil que associam, de forma inovadora, atividades econômicas de caráter sustentável e proteção ambiental.
Com a curadoria voluntária de Nani Klee, os projetos expostos foram selecionados em razão de constituírem exemplos bem-sucedidos de valorização da cultura local, geração de renda, inclusão social e empoderamento feminino. Suas propostas partiram de indivíduos, ONGs, entidades sem fins lucrativos, empresas e órgãos governamentais.
A exposição trata de quatro categorias de empreendedorismo social: as comunidades autônomas, propostas desenvolvidas por empresas privadas, projetos de entidades sem fins lucrativos e projetos que contam com apoio oficial.
(1) Comunidades autônomas - São retratados os trabalhos dos seguintes grupos no Vale do Jequitinhonha, no nordeste do estado de Minas Gerais-MG, e do município de Carapicuíba, parte da região metropolitana de São Paulo-SP (apoio: Mariana Berutto e Viviane Fortes):
a) Bordadeiras do Curtume - No município de Jenipapo (MG), mais de 30 bordadeiras trabalham sob a coordenação da consultora de projetos sociais Viviane Fortes e com o apoio da ONG AJENAI (Associação Jenipapense de Assistência à Infância). Elas usam desenhos do garoto Diogo, filho de uma das artesãs e “ilustrador oficial” do grupo, e tinturas naturais que reproduzem as cores da região;
b) Tecelãs de Tocoiós – Desde 1985, grupo de mais de 40 mulheres reúne-se diariamente em galpão de trabalho no município de Toiocós (MG), construído com o apoio do Instituto C&A e com a parceria OCA Escolar Cultural, para fazer a tecelagem manual, em seguimento a sua participação no ciclo do algodão (plantar, colher, descaroçar bater, fiar, enrolar, trançar, tecer). Os fios são tingidos com cores da paisagem local: murici do cerrado, casca de manga romã, tingui, urucum, jenipapo, anil, casca de arueira; e
c) Rendeiras da Aldeia - No município de Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo (SP), foi criado grupo de rendeiras a partir do projeto OCA Escola cultural, existente desde 1996, voltado a capacitar profissionalmente as mães da comunidade por meio de sua alfabetização, pesquisa de tradições orais e desenvolvimento da produção artesanal. O Grupo reúne mulheres de várias regiões do país, cujas famílias migram em busca de trabalho em São Paulo.
(2) Empresa privada – Retrata-se o projeto da empresa Yankatu, no qual as coleções anuais da arquiteta Maria Fernanda Paes de Barros destacam aspectos da identidade cultural brasileira. Sua coleção Alma-Raiz foi desenvolvida junto às artesãs da comunidade ribeirinha de Urucureá, no estado do Pará-PA, em plena Floresta Amazônica. Seu acesso é possível de barco, subindo o rio Arapiuns a partir da comunidade de Alter do Chão.
As Artesãs de Urucureá completam peças de madeira fornecidas pela designer utilizando a palha de tucumã, colorida com vibrantes tingimentos naturais: urucum, jenipapo, crajirú, capiranga e mangarataia. O resultado desta coleção são móveis e objetos que reúnem a tradição artesanal e o olhar contemporâneo da arquiteta: cadeiras, cestos, mesas, bancos, fruteiras e luminárias são criados em madeira e trançado de palha de tucumã com tingimento natural. Também são produzidas peças com inserções de tricô feitos com a palha de tucumã e fio de cobre, em parceria com a empresa Suzana Fernandez, trazendo uma linguagem atual para a matéria-prima utilizada naquela comunidade. As artesãs tecem livremente combinando cores e criando mandalas, grafismos e outros desenhos tradicionais da região, o que torna cada peça única.
A iniciativa Yankatu gera o aumento de renda,e da autoestima das artesãs, por meio da possibilidade da valorização de seus trabalhos no Brasil e no exterior. Conforme a arquiteta, “ao invés de aproveitar a técnica e ajustar o produto artesanal ao gosto do consumidor, quero com a Yankatu educar o olhar e o coração do público para a beleza que existe no trabalho tradicional, simples e autêntico”.
Maria Fernanda Paes de Barros |
(3) Entidades sem fins lucrativos:
3.1. Museu A CASA Objeto Brasileiro, sediado em São Paulo - Com vistas a valorizar o artesanato brasileiro, Renata Mellão e Eliane Guglielme (curadora e coordenadora de projetos do museu, respectivamente), desenvolveram quatro iniciativas que tiveram grande repercussão:
a) Cerro Azul (2011) - Trata-se de projeto conjunto com as artesãs da comunidade de Cerro Azul, municipalidade do Vale do Ribeira, na parte leste do estado do Paraná, no sul do Brasil. O projeto “Poética da Palha” consiste em workshops para o desenvolvimento de novos produtos, com desenho especial e qualidade, como chapéus, cestos, bolsas, usando matérias-primas e referências da região, como o cultivo da laranja, que é importante parte da identidade de Cerro Azul. Além disso, o projeto permitiu aprimorar as técnicas locais de cestaria,e introduziou novos métodos de tinturas naturais a partir de cascas de frutas, folhas e ervas. As artesãs também receberam orientação sobre administração e estratégias de mercado para suas atividades. Seus novos produtos foram expostos e vendidos em exposição no Museu A CASA, criando novas oportunidades de negócios para as artesãs de Cerro Azul.
b) Artesãs da Ilha do Ferro (2013) - Em parceria com a marca Paula Ferber e com a curadoria de Renato Imbroisi, o museu realizou a mostra "Boa Noite, Ilha do Ferro" para promover os trabalhos de bordado das artesãs da Cooperativa Art-Ilha, de Ilha do Ferro,
localidade às margens do rio São Francisco, no município de Pão de Acúcar, no estado de Alagoas - AL. O "Boa Noite" é técnica de bordado quase extinta que consiste em desfiar o tecido e recompô-lo em faixas com motivos florais (seria uma releitura do bordado rendendê, técnica trazida por portuguesas na época colonial de desfiar o tecido e costurar desenhos geométricos). A mostra apresentou os resultados de projeto no qual o designer orientou as artesãs a produzir bordados de forma sustentável e diversificando as peças com desenhos de imagens de seu cotidiano e variedade de cores. Nenhuma parte do bordado, porém, era feita à máquina, podendo as peças levarem, assim, de semanas a meses para serem concluídas. A divulgação dos bordados das artesãs da Ilha do Ferro impulsionou sua produção, a qual passou a proporcionar-lhes importante fonte de renda.
c) A CASA Bordada (2017) - Idealizada por Renata Mellão e com curadoria de Renato Imbroisi, a mostra apresentou trabalhos de bordados dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. Na ocasião, foi construída a instalação “CASA Bordada” naquele museu, a qual simula uma casa com paredes, janelas e teto construídos com estes bordados. A mostra foi um levantamento inédito das técnicas artesanais trazidas pelos imigrantes e colonizadores, as quais adquiriram características próprias nos diferentes estados do Brasil. Além de preservar as tradições, a exposição divulga a diversidade de técnicas, temas e cores dos trabalhos, contribuindo para gerar renda para as artesãs.
d) CASA AMA Carnaúba (2018) - Esta mostra foi resultado de parceria entre o museu e a AMA (projeto da cervejaria AMBEV destinado a levar água potável a áreas desprovidas no nordeste brasileiro). Participaram da iniciativa diversos consultores e designers brasileiros de móveis e moda, assim como artesãs dos municípios cearenses de Jaguaruana (distritos de Sítio Volta, Sítio Caiçar e Santa Luzia), Itaiçaba e Palhano. A exposição buscou valorizar os trabalhos de palha de carnaúba trançados no estado do Ceará - CE, por meio da produção de objetos e mobiliário que associam design, artesanato local e produção de caráter sustentável, fonte de renda para as comunidades da região.
3.2. Instituto Renato Imbroisi
a) Casa das Bordadeiras de Santa Catarina, em São Tomé e Príncipe - Trata-se de projeto desenvolvido em 2019 pelo designer Renato Imbroisi, com vistas a dar nova perspectiva à população de Santa Catarina, no norte daquele país. Com experiência em projetos anteriores na região, o designer construiu oficina de trabalhos manuais que hoje reúne 30 bordadeiras de diversas idades, para bordar, conversar e trocar conhecimentos.
A Casa das Bordadeiras de Santa Catarina foi erguida pelos familiares das artesãs em terreno doado pelo município. A iniciativa contou com o apoio da empresária brasileira Silvia Ribeiro de Aquino, das arquitetas Tina Moura e Lui Lo Pumo, e da designer Maria Cristiana Barreto.
A construção foi inspirada nas palafitas de madeira dos redutos de pesca e nas palas que arrematam os telhados daquele país, uma releitura em portas e paredes que remete aos bordados daquelas artesãs empreendedoras.
O ateliê foi inaugurado em junho de 2019 e funciona como oficina e local de venda dos panos produzidos e bordados pelas artesãs locais. O espaço também está sendo ponto de referência de turismo da região, impulsionando as perpectivas de vendas das artesãs.
b) Quebradeiras de Coco - Desde 2010 a produtora brasileira de celulose Suzano desenvolve iniciativas de promoção do extrativismo sustentável com comunidades localizadas no entorno das suas áreas de manejo. Em 2019, a empresa contratou o designer Renato Imbroisi para desenvolver o projeto Pindowa (nome de planta da família das areacaceas) com as Quebradeiras de Coco em Imperatriz, no estado do Maranhão.
O projeto gera renda direta para 120 famílias e indireta para outras 200 em cinco comunidades ao longo da Estrada do Arroz: Olho d Agua, Coquelandia, Sao Felix, Petrolina,e Resex Ciriaco.
Em oficinas e trabalho as quebradeiras de coco apreendem a associar design, artesanato local e produção. Com isso, elas agregam valor à matéria prima da reserva extrativista local. Também apreendem a comercializar e gerir seus negócios.
Nas entres safras da coleta e quebra do coco babaçu, elas produzem outros produtos a partir do coco, como por exemplo, azeite, óleo, farinha de mesocarpo, amêndoas e carvão. Também trabalham produtos não madeireiros, como o buriti, bucha vegetal, andiroba, acai, copaíba e sementes. Grande parte da matéria prima é extraída das áreas de Reserva Legal da empresa, às quais as quebradeiras têm livre acesso.
As oficinas produzem biojóias, saboaria, trancado com fibra de babaçu e buriti,
Este projeto de empreendedorismo social valoriza e preserva o meio ambiente e a cultura local, aumenta a renda durante a entre safra do babacue a autoestima das mulheres.
(4) Projetos com apoio oficial – Em parceria com o governo brasileiro, a União Europeia e organizações internacionais (ACNUR - Agência das Nacões Unidas para Refugiados; UNFPA - Fundo de População das Nações Unidas; e FFHI - Fraternidade-Federação Humanitária Internacional), o Museu A CASA Objeto Brasileiro realizou a mostra Ojidu - Árvore da Vida Warao (2019), também naquele museu em São Paulo.
Foram apresentados objetos produzidos com palha buriti (“ojidu”) pelas indígenas venezuelanas da etnia Warao, utilizando suas técnicas e em sistema de produção orientado pelo museu A CASA, em parceria com a ACNUR (Agência das Nacões Unidas para Refugiados), a UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas), a FFHI (Fraternidade-Federação Humanitária Internacional), a União Europeia e o governo brasileiro.
O projeto teve início no abrigo indígena Pintolândia, mantido pela Operação Acolhida, destinada a atender os refugiados e migrantes venezuelanos no estado de Roraima, no norte do País. Seu objetivo foi desenvolver o artesanato como atividade econômica sustentável e geradora de renda para as indígenas. Com as mostras, promoveu-se a divulgação e a venda de seus produtos em benefício daquela comunidade. Dado seu êxito, o projeto tem atraído a participação crescente de artesãs indígenas presentes em outros centros de refugiados no Norte do Brasil (Pacaraima e Boa Vista, no estado de Roraima - RR, e em Manaus, no estado do Amazonas - AM.
Todos estão convidados a apreciar os projetos desta exposição. Caso seja de interesse, o consulado poderá fornecer as referências de seus idealizadores (consul.genebra@itamaraty.gov.br).
Susan Kleebank
Cônsul-geral em Genebra
Serviço:
Empreendedorismo Social: Identidade e Saber Local
17 a 22 de fevereiro
Local – Hall principal da Organização Mundial da Propriedade Intelectual – OMPI
Chemin des Colombettes 34, 1202 – Genebra/Suíça
Exhibition "Social Entrepreneurship - Identity and Local Knowledge" at WIPO
The Consulate General in Geneva will present the exhibition of texts, images and videos “Social Entrepreneurship - Local Identity and Knowledge” in the main hall of the World Intellectual Property Organization (WIPO - Chemin des Colombettes 34, 1202 Genève) between 17 and 21/2/2020.
The purpose of the exhibition is to showcase Brazilian creative initiatives in support of the development of autonomous handcraft communities, especially in rural areas of the country, with a view to enhancing traditional knowledge and associating it with design and sustainable income generation.
The portrayed projects aim at poor communities in the interior of Brazil, as well as indigenous Venezuelan women refugees in the north region of the country and artisans in Sao Tome and Principe. These are examples that confirm the universality of the theme and the scope of the proposed solutions, very creative and based on the use of scarce resources available.
According to Brazilian designer Sérgio Matos, “the direction of design is identity. People are looking for products for references that have to do with their stories and experiences. "
Initiatives to enhance national craftsmanship, linking it to the production of design objects in a sustainable manner, are thus important contributions to improving the living conditions of fragile communities and are in line with the achievement of the first Sustainable Development Goals of the United Nations, the eradication of poverty.
Highlighting the creativity of Brazilian culture associated with social projects, the exhibition Social Entrepreneurship – Local Identity and Knowledge follows up on previous events organized by the consulate at WIPO (Creative Brazil / 2017 and The Great Forest / 2018), about projects developed by civil society that associate sustainable economic activities and environmental protection.
With the volunteer curatorship of Nani Klee, the projects exhibited were selected as successful examples of appreciation of local culture, income generation, social inclusion and women’s empowerment. Their proposals came from individuals, NGOs, non-profit entities, companies and government agencies.
The exhibition addresses four categories of social entrepreneurship: autonomous communities, proposals developed by private companies, projects by non-profit entities and projects with official support.
(1) Autonomous communities – displaying the works of the following groups in the Jequitinhonha Valley, in the northeastern of the state of Minas Gerais-MG, and the municipality of Carapicuiba, part of the metropolitan region of São Paulo-SP (support: Mariana Berutto e Viviane Fortes):
a) Embroiderers from Curtume (Tannery) – In this community in the municipality of Jenipapo, in the state of Minas Gerais-MG, more than 30 embroiderers work under the coordination of social project consultant Viviane Fortes and with the support of the NGO AJENAI (Jenipapense Association for Childcare). They use drawings by the boy Diogo, son of one artisan and “official illustrator” of the group, and natural dyes that reproduce the colors of the region;
b) Tocoios weavers - Since 1985, a group of more than 40 women have been meeting daily in a work shed in the municipality of Toiocos- in the state of Minas Gerais-MG, built with the support of Instituto C&A and the OCA Escolar Cultural partnership, to do the manual weaving, following their participation in the cotton cycle (planting, harvesting, ginning, spinning, winding, braiding, weaving). The yarns are dyed with local landscape colors: cerrado murici, pomegranate mango bark, tingui, annatto, genipap, indigo, arueira bark; and
c) Village lacemakers - In the municipality of Carapicuiba, in the metropolitan region of Sao Paulo, in the state of Sao Paulo-SP, a group of lacemakers was created based on the OCA Cultural School project, which has existed since 1996, aimed at professionally training mothers in the community through their literacy, research of oral traditions and development of artisanal production. The group brings together women from various regions of the country, whose families migrate to São Paulo in search of work.
(2) Private company - The Yankatu company project portrayed shows architect Maria Fernanda Paes de Barros’s annual collection focused on aspects of Brazilian cultural identity. Her “Alma-Raiz (Root)” collection was developed with the artisans of the riverside community of Urucurea,
in the state of Para - PA, in the Amazon rainforest. It is accessible by boat, navigating upstream the Arapiuns River from the Alter do Chao community.
The Urucurea Artisans work on pieces of wood supplied by the designer using the tucuma straw, colored with vibrant natural dyes: annatto, jenipapo, crajiru, capiranga and mangarataia. Pieces of furniture and objects produced bring together the handcraft tradition and the architect’s contemporary look: chairs, baskets, tables, benches and lampshades are created from wood, braided with naturally dyed tucuma straw. It also produces pieces with knitting inserts made with tucuma straw and copper thread, in partnership with the company Suzana Fernandez, adding value to the raw material used in that community. The artisans weave freely combining colors and creating mandalas, graphics and other traditional designs of the region, which makes each piece unique.
The Yankatu initiative generates income and increase the self-esteem of artisans, through valuing their work in Brazil and abroad. According to the architect, "instead of taking advantage of the technique and adjusting the handcraft product to the consumer's taste, with Yankatu I want to educate the public's eye and heart to the beauty that exists in traditional, simple and authentic work."
(3) Non-profit entities:
3.1. Museu A CASA Brazilian Object, in São Paulo - With a view to promote Brazilian handcrafts, Renata Mellao and Eliane Guglielme (curator and coordinator of museum projects, respectively), developed four initiatives that had wide repercussion:
a) Cerro Azul (2011)- In 2011 the Museum worked together with the community of artisans of Cerra Azul, a municipality in Vale do Ribeira, in the east part of the state of Parana, in south of Brazil. The project Straw Poetics consisted of workshops for the development of new products, with especial design and quality, such as hats, boxes and bags, using materials and references of the region, such as the orange farming, which is important part of Cerro Azul’s local identity. In addition, the project improved local braiding and basketry techniques introducing new methods and natural dyeing from elements as food peels, leaves, herbs, among others. The artisans were also oriented regarding management and market strategies. Their new products were displayed and sold in an exhibition held in the Museum in Sao Paulo, opening new sale opportunities for Cerra Azul’s artisan.
b) Embroiderers from Ilha do Ferro (2013) - In partnership with Paula Ferber brand and curated by Renato Imbroisi, the museum held the exhibition “Good Night, Ilha do Ferro” to promote the embroidery work of the artisans of Cooperative Art-Iha do Ferro, a locality on the bank of the Sao Francisco river, in the municipality of Pao de Açucar, in the state of Alagoas. The "Good Night" is an almost extinct embroidery technique that consists of shredding the fabric and recomposing it in bands with floral motifs. The show presented the results of a project in which the designer directed the artisans to make the production of embroidery in a sustainable way, diversifying the pieces with drawings of images of their daily life and variety of colors. No part of the embroidery, however, was machine-made, so it could take weeks to months to complete. The publicity about Ilha do Ferro artisans' embroideries boosted their production, which provided them with an important source of income.
c) CASA Bordada (2017) - Designed by Renata Mellao and curated by Renato Imbroisi, the show featured embroidery works from 26 Brazilian states and the Federal District. At the time, the installation CASA Bordada was built in that museum, which simulates a house in which walls, windows and ceiling are built with these embroideries. The show was an unprecedented survey of the artisanal techniques brought by immigrants and settlers, which acquired their own characteristics in the different states of Brazil. In addition to preserving the traditions, the exhibition discloses the diversity of techniques, themes and colors of the work, contributing to generate income for the artisans.
d) CASA AMA Carnauba (2018) - This exhibition was the result of a partnership between the museum and AMA (project of the AMBEV brewery to bring potable water to deprived areas in northeastern Brazil). Several Brazilian furniture and fashion consultants and designers participated in the initiative, as well as artisans from the municipalities of Jaguaruana (Sitio Volta, Sitio Caiçar and Santa Luzia districts), Itaiçaba and Palhano in the state of Ceara. The exhibition sought to enhance the work of braided carnauba straw in the state of Ceara, through the production of objects and furniture that combine design, local crafts and sustainable production, a source of income for the communities in the region.
(a) House of Santa Catarina Embroiderers in Sao Tome and Principe - This project was developed in 2019 by designer Renato Imbroisi, with a view to giving a social-economical opportunity to the population of Santa Catarina, in the north of that country. With experience in previous projects in the region, the designer built a handcraft workshop that today brings together 30 embroiderers of various ages to embroider, talk and exchange knowledge.
The House of Santa Catarina Embroiderers was built by the families of the artisans on land donated by the municipality. The initiative was supported by Brazilian businesswoman Silvia Ribeiro de Aquino, architects Tina Moura and Lui Lo Pumo, and designer Maria Cristiana Barreto.
The construction was inspired by the wooden stilts of the fishing strongholds and the palms that finish the roofs of that country, a rereading in doors and walls that refers to the embroidery of those enterprising craftswomen.
The studio was opened in June 2019 and works as a workshop and place of sale for cloth produced and embroidered by local artisans. The space is also a reference point for tourism in the region, boosting sales prospects for artisans.
(b) Coconut Breakers - Since 2010, the Brazilian pulp producer Suzano has developed sustainable extraction initiatives with communities located around her environment protected areas. In 2019 she hired the designer Renato Imbroisi to develop the Pindowa project (plant name of the areacaceas family) with the Coconut Breakers (Quebradoras de Coco) in Imperatriz, in the state of Maranhao.
The project generates direct income for 120 families and indirect income for another 200 in five communities along Estrada do Arroz: Olho d’Agua, Coquelandia, Sao Felix, Petrolina, and Resex Ciriaco.
In workshops and work, Coconut Breakers learn to associate design, local crafts and production. As a result, they add value to the raw material of the local extractive reserve. They also learn to sell their product and manage their businesses.
In between harvesting and breaking babacu coconut crops, they produce other articles from coconut, such as olive oil, oil, mesocarp flour, almonds and coal. Non-wood products are also used, such as buriti, vegetable loofah, andiroba, acai, copaiba and seeds. Much of the raw material is extracted from the company's Legal Reserve areas, to which the Coconut Breakers have free access.
The workshops produce bio-jewelry, soap, locked with babaçu and buriti fiber.
This social entrepreneurship project values and preserves the environment and local culture, increases income during the babaçue's off-season and promote women's self-esteem.
(4) Projects with official support - in partnership with the Brazilian government, the European Union and international organizations (UNHCR - United Nations Agency for Refugees; UNFPA - United Nations Population Fund; and FFHI - International Humanitarian Federation), the Museum Brazilian Object House held the exhibition Ojidu - Tree of Life Warao (2019), also at that museum in Sao Paulo.
Objects presented were produced with buriti straw (“ojidu”) by the Venezuelan indigenous of the Warao ethnicity, using their techniques and in a production system guided by the museum A CASA, in partnership with UNHCR (United Nations Agency for Refugees), UNFPA (United Nations Population Fund), the FFHI (International Humanitarian Fraternity Federation), the European Union and the Brazilian government.
The project began at the Pintolandia indigenous shelter, maintained by Operation Welcome, aimed at assisting Venezuelan refugees and migrants in the northern state of Roraima. Its goal is to develop handcrafts as a sustainable economic activity that generates income for indigenous people. The shows promoted the sale of their products for the benefit of that community. Given its success, the project has attracted the increasing participation of indigenous artisans present in other refugee centers in northern Brazil (Pacaraima and Boa Vista in the state of Roraima, and in Manaus in the state of Amazonas).
Everyone is invited to enjoy the projects of this exhibition. If so requested, the consulate can provide the references of its creators (consul.genebra@itamaraty.gov.br).
Susan Kleebank
Consul General in Geneva
Service:
Social Entrepreneurship: Identity and Local Knowledge
February 17 to 22
Location - Main hall of the World Intellectual Property Organization - WIPO
Chemin des Colombettes 34, 1202 - Geneva / Switzerland
À NE PAS MANQUER !!!