Enquanto Chão se apresenta gratuitamente em São Paulo
Solo do ator Caio Franzolin, montagem tem direção de Rafaela Carneiro e fala
sobre o apagamento cultural e destruição de espaços ocasionada ou
pelo avanço desenfreado de progresso
O que duas comunidades distantes (uma em Palmas, Tocantins, e outra em Uberlândia, Minas Gerais) podem ter em comum? O ator Caio Franzolin encontrou esse ponto em um pesquisa de campo realizada em conjunto com Carminda Mendes André (que foi sua orientadora em projeto de pesquisa de campo no Instituto de Artes da UNESP) e leva essas histórias para o palco em ENQUANTO CHÃO. O monólogo - que estreou no final de 2017, já esteve em Uberlândia e foi apresentado em algumas cidades de São Paulo, faz duas únicas apresentações nos dias 8 e 9 de fevereiro, sexta e sábado, às 20 horas, na Ocupação Independente Aqualtune. Com direção de Rafaela Carneiro, a montagem d'A Próxima Companhia fala sobre as comunidades de Canela (TO) e Patrimônio (MG), aliando como expedientes teatrais a mímesis corpórea (técnica criada pelo LUME) e conceitos do Teatro-Documentário. A circulação do espetáculo faz parte do projeto Tebas - A cidade em disputa, contemplado pela 32ª edição do Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo.
Ao estarem nas duas comunidades durante a pesquisa, Intervenção Urbana como Tática Arte-educativa: Encontro com Foliões, os integrantes do projeto puderam observar que, em comum, mais do as festas populares, personagens incríveis e generosos, as duas localidades passavam pelo apagamento cultural – seja físico ou histórico, de manifestações culturais e até mesmo de histórias pessoais, em prol do progresso, especulação imobiliária e avanço de uma sociedade sem apego com as raízes de um povo.
Foram diversas histórias e personagens encontrados que dialogam com o espetáculo no limite do real e do ficcional, num discurso dramatúrgico entre a denúncia, a reflexão e o signo poético, com dramaturgia de Solange Dias. O texto apresenta transcriações de relatos de habitantes das comunidades, do modo de vida dessas pessoas e busca entender o processo de apagamento desses territórios.
A narrativa segue a mesma linha de uma memória, como explica Caio Franzolin. "Não temos uma narrativa linear. É como se o narrador fosse lembrando das conversas, das pessoas, dos detalhes das histórias e isso fosse sendo apresentado em cena da mesma maneira, em uma narrativa fragmentada povoada pelas figuras em uma grande festa", afirma o ator.
Relações informais com o público
Quando Rafaela Carneiro entrou no processo de ENQUANTO CHÃO, já existia uma versão embrionária da montagem. "Sempre me interessei muito pela técnica da mímeses e por isso achei o projeto muito bacana. Como diretora, acabei fortalecendo o papel do narrador, que faz uma intermediação entre todas as personagens, bem como também o absurdo político da história. Busquei trazer os ricos relatos coletados em Canela e Patrimônio para um âmbito maior, mostrando que aquele não é um problema localizado", explica.
Rafaela também disse que a intenção da equipe nunca foi ter uma peça contemplativa, numa relação mais frontal e formal com o público. A ideia é que as pessoas sintam-se participando de uma roda de conversa ou de uma festa – o que fica bem claro no cenário assinado por Caio Marinho. "Queríamos reproduzir uma roda de quintal, numa relação mais informal com a plateia e num espaço circular. Teremos distribuição de café e comidas inspiradas nas duas localidades, aproximando ainda mais o ator e o público", conta o cenógrafo.
Caio Franzolin explica um pouco mais sobre essa relação com o público: "convidamos as pessoas para a arrumação de uma festa que ainda vai acontecer. É isso que vai nos conectar com as nossas raízes. O teatro só é possível pelo encontro. Quer encontro maior do que uma festa e toda a sua preparação?", questiona.
Sobre Tebas - A Cidade em Disputa
O projeto contemplado pela 32ª edição do Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo, Tebas - A Cidade em Disputa visa potencializar as ações e pesquisas teatrais que são desenvolvidas desde 2009 pelos artistas que hoje formam o núcleo artístico d’A Próxima Companhia. Estas ações serão realizadas tanto em sua sede-espaço independente, que tem por vocação promover circulação e intercâmbios potentes de coletivos, obras, seus modos de produção e criação - localizada nos Campos Elíseos, quanto por diferentes regiões da cidade. O impulso criativo para a concepção do projeto parte da obra Os Sete Contra Tebas de Ésquilo, do território onde o grupo está sediado há quase dois anos, e das questões sobre as cidades e nossos pertencimentos nas disputas que se apresentam em nosso tempo. O projeto envolve a circulação e temporada de dois espetáculos do repertório do grupo - Enquanto Chão e Os Tr3s Porcos, sete intervenções em espaços públicos e a montagem do novo espetáculo a partir da obra de Ésquilo em relação com a cidade, além de ações de aprimoramento artístico, laboratórios de compartilhamento de pesquisas do grupo, atividades formativas e ainda potencialização das atividades desenvolvidas e recebidas na sede do grupo, firmando mais este espaço na região.
Instagram: https://www.instagram.com/aproximacompanhia/
Para serviço
ENQUANTO CHÃO
Únicas apresentações nos dias 8 e 9 de fevereiro, sexta e sábado, às 20 horas
Ingressos - Grátis
Capacidade - 40 lugares
Duração – 70 minutos
Recomendação etária Acima de 12 anos
Ficha técnica
Concepção original: Caio Franzolin e Carminda Mendes André
Direção e Preparação de Ator: Rafaela Carneiro
Provocação Cênica: Carminda Mendes André
Direção Musical: Rani Guerra
Dramaturgia: Solange Dias
Texto: Caio Franzolin
Preparação Corporal: Gabriel Küster
Cenografia e Iluminação: Caio Marinho
Figurino: Caio Franzolin
Produção: Solange Borelli - Radar Cultural – Gestão e Projetos
Realização: A Próxima Companhia
Núcleo Artístico A Próxima Companhia: Caio Franzolin, Caio Marinho, Gabriel Kuster, Juliana Oliveira e Paula Praia.
Ocupação Independente Aqualtune - Rua Butantã, 233 - São Paulo
Informações:
Os Tr3s Porcos |
Os Tr3s Porcos faz circulação pela cidade
Montagem d'A Próxima Companhia se inspira em fábula infantil para falar sobre especulação imobiliária e disputa de território
Espetáculo d’A Próxima Companhia que estreou em 2015, OS TR3S PORCOS circula por praças ruas e espaços culturais desde a sua primeira apresentação. Agora, a peça se apresentará gratuitamente no Largo da Batata, no próximo dia 10 de fevereiro, domingo, às 17 horas. A circulação do espetáculo faz parte do projeto Tebas - A cidade em disputa, contemplado pela 32ª edição do Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo.
OS TR3S PORCOS surgiu da necessidade de se entender a própria cidade como dramaturgia através da linguagem da rua e do circo, tratando de forma lúdica e cômica a questão habitacional, a especulação imobiliária e a falta de moradia, tão comum em nossas grandes cidades.
Inspirada na fábula Os Três Porquinhos e utilizando a máscara do palhaço, o espetáculo foi concebido para ser apresentado em praças, ruas e locais de grande movimento. Em cena, Caio Franzolin, Caio Marinho e Gabriel Küster utilizam acrobacia, pirotecnia, elementos característicos do circo, bem como uma estrutura dramatúrgica com expedientes épicos, cenários e figurinos alegóricos criando uma atmosfera que aproxima e interage com o público passante.
A junção entre a estrutura da fábula e os elementos do circo são utilizados para dar força à discussão do espetáculo sobre a habitação nas grandes metrópoles. A dramaturgia foi elaborada por Renato Mendes a partir do argumento criado pelos atores e do material levantado em improvisações. Assina a direção do espetáculo Rafaela Carneiro ex-integrante da Brava Companhia, a direção musical e composições originais são de Luciano Antonio Carvalho, ambos com reconhecida experiência no teatro de rua.
A história mostra os três porcos em busca de um lugar para construir suas casas. O conto infantil desta vez dirige-se também aos adultos e se passa na cidade, onde o espaço está cada vez mais disputado com o Lobo, o dono do lugar, que fará de tudo para obrigar os porcos a beneficiá-lo e impedir que eles atrapalhem a manutenção e a construção de seus empreendimentos.
Sobre Tebas - A Cidade em Disputa
O projeto contemplado pela 32ª edição do Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo, Tebas - A Cidade em Disputa visa potencializar as ações e pesquisas teatrais que são desenvolvidas desde 2009 pelos artistas que hoje formam o núcleo artístico d’A Próxima Companhia. Estas ações serão realizadas tanto em sua sede-espaço independente, que tem por vocação promover circulação e intercâmbios potentes de coletivos, obras, seus modos de produção e criação - localizada nos Campos Elíseos, quanto por diferentes regiões da cidade. O impulso criativo para a concepção do projeto parte da obra Os Sete Contra Tebas de Ésquilo, do território onde o grupo está sediado há quase dois anos, e das questões sobre as cidades e nossos pertencimentos nas disputas que se apresentam em nosso tempo. O projeto envolve a circulação e temporada de dois espetáculos do repertório do grupo - Enquanto Chão e Os Tr3s Porcos, sete intervenções em espaços públicos e a montagem do novo espetáculo a partir da obra de Ésquilo em relação com a cidade, além de ações de aprimoramento artístico, laboratórios de compartilhamento de pesquisas do grupo, atividades formativas e ainda potencialização das atividades desenvolvidas e recebidas na sede do grupo, firmando mais este espaço na região.
Para roteiro
OS TR3S PORCOS
De 10 de fevereiro, domingo, às 17 horas, no Largo da Batata
Grátis (não é necessário retirar ingressos)
Duração - 55 minutos
Recomendado para maiores de 06 anos
Concepção e Atuação - Caio Franzolin, Caio Marinho e Gabriel Küster. Direção - Rafaela Carneiro. Direção Musical - Luciano Antônio Carvalho. Dramaturgia - Renato Mendes. Provocação Cênica - Carminda Mendes André. Cenografia - Caio Marinho. Figurinos - Caio Franzolin e Magê Blanques. Produção - Radar Cultural Gestão e Projetos A Próxima Companhia.
Largo da Batata - Pinheiros - São Paulo
À NE PAS MANQUER !!!
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