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Fotos de cena Ale Catan |
Com dramaturgia de Sérgio Roveri, espetáculo estreia segue em cartaz até 02 de dezembro
no Teatro Faap. Protagonista é vivido por Rodrigo Pandolfo, que também interpretou o homenageado no cinema. Completam o elenco os atores Duda Mamberti, Ando Camargo e
a atriz Michelle Boesche
O emocionante exemplo de talento, genialidade e superação de João Carlos Martins inspira o espetáculo teatral Concerto para João, com direção de Cassio Scapin e texto de Sérgio Roveri. A trajetória do maestro mais amado do país já foi contada no cinema pelo filme “João, O Maestro” (2017), de Mauro Lima, que, assim como a peça, traz como protagonista o ator Rodrigo Pandolfo.
“Cinema e teatro são veículos muito distintos, então, invariavelmente, existe um pequeno abismo entre os dois. Desta vez, certamente, vou descobrir camadas mais profundas e me apropriar com mais segurança dessa figura tão interessante. A dramaturgia do espetáculo é muito distinta do filme. Ela foge da biografia cronológica e os personagens, a temperatura, a direção, as situações, os atores são todos diferentes”, comenta Rodrigo Pandolfo.
Para ele não há muita diferença entre interpretar um personagem real ou fictício. “O trabalho é o mesmo. A responsabilidade de fazer o João já está implícita. Quero mais é me divertir e jogar alegremente com meus companheiros de cena”, diz.
A encenação se passa durante uma das várias cirurgias às quais o pianista foi submetido para tentar continuar tocando. Dividido entre o sono da anestesia e a vigília, ele revive alguns de seus grandes concertos, narra os inúmeros episódios de superação e recebe a visita de um homem misterioso, com quem estabelece uma relação humana e musical.
A trama transita entre fantasia e a realidade para narrar as glórias e os desafios enfrentados por um dos maiores músicos brasileiros ao longo de seus 60 anos de carreira.
O próprio maestro João Carlos ficou surpreso com o texto. “Por nunca ter conversado com o Sérgio Roveri na vida, impressionei-me muito com a peça. Parece que ele esteve dentro da minha alma desde os 18 anos. Ele soube captar o que passou internamente entre a dúvida de achar que eu tinha uma missão e a dúvida de levar essa missão adiante, sabendo que eu tinha uma distonia cerebral. Essa espécie de ansiedade aliada a uma interrogação do que seria o meu amanhã, durante esses 60 anos, estão impressos dentro as peça toda”, revela o maestro.
Este é o quarto trabalho sobre a vida do maestro. “Já foram feitos dois documentários na Europa e um filme aqui no Brasil, todos muito bons. Pura arte. Agora, no teatro, há uma espécie de mistério na ligação entre o elenco e o público. Falo isso, porque muitas das minhas gravações foram feitas ao vivo, com público, no fundo, o que fiz de melhor é quando tinha o público ouvindo, aquela ligação fazia com que todas as gravações tivessem algo de mistério. Para mim o Pandolfo chega à beira da genialidade”, afirma.
O dramaturgo Sérgio Roveri conta que procurou fugir daquele esquema tradicional de vida e obra, aquela linguagem cronológica que acompanha todos os episódios da vida de alguém famoso ano a ano. “Eu procurei um recorte para contar a história dele – e achei que a cirurgia no cérebro a que ele se submeteu em 2012 era o acontecimento perfeito para eu lidar com as questões da memória dele, dos medos, das superações. Assim, no plano real, a peça se passa nos poucos dias em que ele ficou internado, mas na imaginação do maestro há toda uma vida sendo passada em revista. A peça, na verdade, assumiu este desafio de condensar uma vida riquíssima dentro dos três ou quatro dias que ele ficou no hospital. E apesar do talento comprovado e reconhecido dele, o que mais me inspirou na hora de escrever foram os momentos em que ele se viu privado deste talento. E eu penso que, ao conduzir a história por este caminho, a peça deixa de falar apenas dele e passa a falar de todo grande artista que, de repente, se vê impedido de realizar sua arte”, conta o autor
Sobre João Carlos Martins
Nascido em São Paulo, no dia 25 de junho de 1940, João Carlos começou a tocar piano aos sete anos por influência de seu pai, José, que desde a infância sonhava em virar um pianista. Quando tinha 10 anos e ainda morava em Portugal, José passava em frente a uma escola de piano em seu caminho para o trabalho e ficava fascinado com os sons que ouvia, porém não tinha dinheiro para pagar pelas aulas.
Ele recebeu o convite da professora daquela escola para estudar de graça o instrumento. O sonho do menino foi destruído naquele mesmo dia, quando uma prensa da tipografia em que ele trabalhava decepou seu polegar.
Aos oito anos, João Carlos venceu seu primeiro concurso musical ao executar obras do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750). Aos 21 anos, patrocinado por Eleanor Roosevelt, apresentou-se pela primeira vez no Carnegie Hall, em Nova York. No auge de sua carreira de pianista, tocou com as maiores orquestras norte-americanas e gravou a obra completa de Bach para piano. Jornais como New York Times, Washington Post e Los Angeles Times dedicaram-lhe reportagens entusiasmadas pela sua personalidade artística.
Aos 25 anos, já consagrado como um dos grandes pianistas do mundo, João Carlos sofreu uma queda enquanto jogava futebol no Central Park, em Nova York, que atingiu o nervo ulnar e provocou atrofia em três dedos, obrigando-o a parar de tocar. Depois de um ano, voltou a tocar com dificuldade. Abandonou a carreira aos 30 anos.
Após sete anos longe do piano, decidiu voltar aos palcos, recebendo excelentes críticas da imprensa e a aclamação do público. Nesse período, porém, descobriu que desenvolveu distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort). Novamente teve que abandonar a carreira.
A paixão pela música fez com que ele retornasse anos mais tarde e, mesmo com sequelas, que o forçaram a adaptar novas formas de tocar, iniciou a gravação da obra completa de Bach.
Em 1995, em um assalto na Bulgária, foi golpeado na cabeça com uma barra de ferro, que provocou uma sequela neurológica, comprometendo o movimento da mão direita. Por meio de reprogramação cerebral, conseguiu recuperar os movimentos e voltou a tocar com as duas mãos. Entretanto, esse procedimento médico deixou sequelas no braço direito e na fala. Quando ele falava, sentia terríveis dores no braço.
Decidiu passar por um novo procedimento cirúrgico para corrigir o problema e teve os seus movimentos da mão direita afetados. Antes, porém, terminou a gravação da obra completa de Bach para o piano. Passou a fazer apresentações apenas com a mão esquerda.
João Carlos foi surpreendido pelos médicos com a notícia de que havia desenvolvido Contratura de Dupuytren na mão esquerda. Embora tenha passado por um novo procedimento cirúrgico, João Carlos acabou perdendo o movimento da mão esquerda, o que o inviabilizou novamente de tocar piano. Em 2002, teve que parar de tocar, e, dessa vez, acreditou seria para sempre.
Em 2004, aos 64 anos, João Carlos iniciou os seus estudos de regência. Seis meses depois, apresentou-se com sucesso em Londres, Paris e Bruxelas, como regente convidado, imprimindo em suas interpretações a mesma dinâmica que fazia quando pianista.
Em 2006, idealizou a Fundação Bachiana, com a missão de levar a música clássica às pessoas que pouco, ou nunca, ouviram falar dela. Construiu uma sólida carreira com a sua Bachiana Filarmônica SESI-SP, a primeira orquestra brasileira a se apresentar no Carnegie Hall (2007).
Atualmente, a Fundação Bachiana mantém oito núcleos de musicalização para crianças e jovens pelo Brasil e tem realizado cerca de 80 apresentações por ano. Mesmo com todas as limitações físicas, no final dos concertos João Carlos costuma deixar a regência e sentar-se ao piano para rápidas e emocionantes apresentações.
Sobre Cassio Scapin - diretor
Ator, produtor e diretor, Cassio Scapin atuou em mais de 20 espetáculos no Brasil e na Itália. Recebeu os prêmios Apetesp e Shell, de Melhor Ator. Como ator, ficou conhecido nacionalmente pelo personagem Nino de “Castelo Rá-Tim-Bum”.
Outro destaque é sua atuação nas peças "O Libertino" e "Histeria". Como diretor, seu mais recente trabalho é a peça "Visitando o Sr. Green", em montagem com Sérgio Mamberti e Ricardo Gelli.
SINOPSE
Inspirada na vida do pianista e maestro João Carlos Martins, a peça Concerto para João transita entre a realidade e a fantasia para narrar as glórias e os desafios enfrentados por um dos maiores músicos brasileiros em mais de 60 anos de carreira. A história se passa durante uma cirurgia em que o maestro, dividido entre o sono e a vigília, revive alguns dos seus grandes concertos, narra seus inúmeros episódios de superação e ainda recebe a visita de um homem misterioso, com quem estabelece uma relação humana e musical.
FICHA TÉCNICA
Texto: Sérgio Roveri
Direção: Cassio Scapin
Elenco: Rodrigo Pandolfo, Michelle Boesche, Ando Camargo e Duda Mamberti.
Cenário: Chris Aizner e Nilton Aizner
Figurino: Fabio Namatame
Trilha Sonora: Daniel Maia
Iluminação: Marisa Bentivegna
Direção de Produção: Carlos Mamberti
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Fotografia: Ale Catan
Marketing e Negócios: Fernanda Couto e Kiko Vianello
Ministério da Cultura e Atlas Schindler apresentam Concerto para João
Apoio: Volkswagen Caminhões e Ônibus
Realização: Geradora Teatral e CD4 Produções
Correalização: AT Cultural
SERVIÇO
Concerto para João
com direção de Cassio Scapin
Teatro Faap – Rua Alagoas, 903 - prédio 1 – Higienópolis
Temporada: 10 de agosto a 02 de dezembro
Sextas e sábados às 21h. Domingos às 18h.
Ingressos: R$ 75 (inteira) e R$ 37,50 (meia-entrada)
Classificação: Livre
Duração: 80 minutos
Capacidade: 510 lugares
Informações: (11) 3662-7233
ESTAPAR Estacionamentos
Rua Alagoas, 903. Entrada pela Rua Armando Penteado – Portão G7
Telefone: (11) 3662-7582
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